Com quase 35 mil cotistas distribuídos em quatro fundos imobiliários, mais de R$ 620 milhões em patrimônio e mais de uma década no mercado, a Mérito Investimentos quer crescer em 2024.
Para isso, a gestora do Mérito Desenvolvimento Imobiliário (MFII11), Mérito Cemitérios (MCEM11), Mérito Recebíveis Imobiliários (MFCR11) e Mérito Fundos de Ações Imobiliárias (MFAI11) quer aumentar a sua base de cotistas e acelerar a captação de recursos por meio de emissão de cotas.
“Queremos ficar mais próximos do investidor, aparecer mais e aumentar a confiança dos cotistas”, diz o CEO da Mérito, Alexandre Despontin, em entrevista exclusiva ao Money Times.
Dois FIIs da gestora estão com emissão de cotas em andamento. Segundo o executivo, a operação do MCEM11 deve terminar entre junho e julho, enquanto a do MFII11, anunciada em fevereiro, deve terminar em agosto e pode levantar até R$ 161 milhões.
“Nossa meta é acelerar essas captações e dobrar o número de cotistas do MFII11, sair de 30,6 mil para mais de 60 mil. Como também aumentar a base dos outros fundos”, comenta Despontin.
Para o Mérito Desenvolvimento Imobiliário, primogênito e carro-chefe entre os FIIs da gestora, o plano para este ano é chegar a 15 projetos em andamento em São Paulo.
Diante disso, o fundo vem comprando terrenos para a construção de unidades residenciais, na esteira de um mercado imobiliário mais aquecido.
“Vemos a demanda pela compra e venda de imóveis residenciais crescer por conta de incentivos do governo. Com isso, vemos espaço para o crescimento do MFII11 e do segmento este ano”, observa. Em 2023, as vendas de novos imóveis no Brasil avançaram 32%.
Desta forma, Despontin vê o fundo imobiliário de desenvolvimento tendo mais rentabilidade no ano, pagando mais dividendos em meio aos projetos em andamento.
Em contrapartida, o executivo vê outros segmentos de FIIs exibindo estabilidade, como o de cemitérios e o de recebíveis (papel).
Aposta em fundo imobiliário ‘diferente’
Outro fundo da gestora que está em fase de captação de recursos é o MCEM11, do segmento de cemitérios.
“A gente constituiu esse FII para atuar nesse ramo e o primeiro ativo que colocamos foi a concessão do serviço funerário da cidade de São Paulo”, conta o CEO da Mérito.
Em 2022, o Mérito Cemitérios venceu a licitação da prefeitura para administrar, manter e explorar cinco espaços na capital paulista. Entre eles, o Cemitério do Araçá.
Com tese nova, Despontin explica que o segmento está bem estável e tem gerado rendimento aos seus quase 400 cotistas.
“Houve uma demanda maior por esse tipo de serviço durante a pandemia de covid-19. Como não há estudo que mostre que haverá construção de cemitérios nos próximos 20 anos, vamos operar com o que já tem”, diz ele, diferenciando, por exemplo, de fundos de tijolo, que tem fluxo de construção de imóveis.
O executivo acredita que o setor passará por mudanças nos próximos anos. Entre elas, é que a demanda por cremação de corpos deverá crescer.
“Hoje, 5% a 10% das famílias optam pela cremação. Tudo isso cai dentro da concessão e do nosso fundo. A gente vê esse mercado crescendo de 20% a 25% nos próximos anos. É uma tendência mundial”, reforça.
Ainda não é momento dos fundos de CRIs
A Mérito Investimentos tem em seu portfólio um FII para investimentos em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), o MFCR11.
Caçula entre os fundos da gestora, o Mérito Recebíveis Imobiliários ainda sente o “efeito dominó” da crise do segmento de recebíveis, no primeiro semestre de 2023.
“Quatro FIIs passaram por uma grave crise e isso contaminou a indústria. Teve cota saindo do patamar de R$ 100 para R$ 30. Isso assustou o investidor, que não quer nunca mais ouvir falar em CRIs”, brinca Despontin, referindo-se à forte desvalorização de fundos de recebíveis como o Hectare CE (HCTR11).
Além disso, o executivo ressalta que ainda não é momento para apostar nesse segmento, vendo estabilidade neste ano enquanto o Banco Central (BC) segue com o ciclo de cortes da taxa básica de juros (Selic).
“Estamos esperando a Selic cair mais e também passar esse período que alguns fundos imobiliários e investidores ainda estão machucados. Vamos movimentar o MFCR11 depois que a taxa ficar abaixo de 10%”, adianta o CEO da Mérito.