Lucros com criptomoedas tendem a ser direcionados para investimentos em imóveis, revela estudo

Uma amostra significativa de Investidores norte-americanos que obtiveram lucros em negociações de criptomoedas tende a direcionar seus ganhos para a aquisição de imóveis, revelou um estudo conduzido por pesquisadores da Marriot School of Business da Universidade Brigham Young.

Os autores do estudo identificaram uma preferência por transferir o dinheiro ganho no mercado de criptomoedas para ativos tangíveis e de baixo risco, como os imóveis, em busca de segurança e preservação do patrimônio.

Para identificar essa tendência, os pesquisadores focaram nos ganhos provenientes de investimentos em criptomoedas de longo prazo, excluindo aportes recentes

Cruzando dados de 60 milhões de pessoas entre 2010 e 2023, incluindo milhões de transações bancárias, de cartões de crédito e de débito, o estudo identificou que 16% das famílias analisadas fizeram depósitos em exchanges de criptomoedas entre 2010 e 2023. Segundo os pesquisadores, o número dá uma boa medida do envolvimento dos norte-americanos com os ativos digitais.

A pesquisa analisou como a riqueza proveniente das criptomoedas é canalizada para a economia real dos Estados Unidos. Ao contrário das expectativas dos pesquisadores, os lucros não costumam ser revertidos em gastos com artigos de luxo, como jóias e carros.  

Esse padrão é comum entre os investidores dos mercados tradicionais  e está em contraste com o comportamento de ganhadores de loterias. Segundo os pesquisadores, isso sugere que os investidores de criptomoedas estão optando por direcionar seus ganhos para ativos que oferecem estabilidade e potencial de crescimento no longo prazo, em vez de gastá-los com bens duráveis ou itens de lazer.

Utilizando códigos postais associados a contas de usuários de criptomoedas em exchanges que atendem ao varejo, os pesquisadores analisaram os preços das casas em regiões com alto nível de riqueza proveniente de investimentos em criptomoedas para identificar potenciais impactos sobre o mercado imobiliário.

Em estados como Califórnia, Nevada e Utah, onde os criptoativos são particularmente populares, uma parcela significativa da riqueza gerada por esta classe de ativos foi reinvestida em imóveis. Há uma preferência dos investidores de criptomoedas por investimentos mais estáveis, tangíveis e de baixo risco, como imóveis, após a obtenção de lucros significativos, concluíram os pesquisadores que conduziram o estudo.

Impacto das criptomoedas sobre o mercado imobiliário

O estudo observou ainda que nas regiões em que há grande concentração de investidores de criptomoedas, os preços das casas cresceram 43 pontos base mais rápido do que em áreas em que há menos adeptos dos ativos digitais. Por consequência, isso resultou em um aumento médio do preço das casas de cerca de US$ 2.000 em 12 meses em regiões em que há um grande contigente de investidores de criptomoedas.

Ao analisar o impacto  sobre o mercado imobiliário nos últimos dez anos, os pesquisadores descobriram que cada dólar ganho em riquezas provenientes de criptomoedas elevou o preço médio das casas em 15 centavos nos três meses seguintes. Isso sugere um impacto consistente dos lucros obtidos com criptomoedas sobre o mercado imobiliário.

Por fim, o estudo constatou que a riqueza gerada por criptomoedas aumentou o consumo das famílias em cerca de US$ 30 bilhões ao longo de uma década, com cada dólar de ganhos não realizados — ou seja, a valorização de um investimento que ainda não foi convertido em dinheiro — gerando cerca de nove centavos de gastos. 

À medida que o mercado de criptoativos continua a evoluir, seu impacto sobre outros setores da economia tende a se tornar um foco crescente de interesse e análise. 

O mercado imobiliário brasileiro também vem sendo impactado pelas criptomoedas, mas através da tokenização de ativos do mundo real. 

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, a netspaces lançou há um mês um modelo de tokenização imobiliária por meio de um programa de licenciamento. A expectativa da empresa é de atender a 100 municípios brasileiros ainda em 2024.



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