Futuros de Bitcoin da B3 registram volume diário de R$ 356 milhões, mas enfrentam baixa liquidez duas semanas após lançamento

Os traders brasileiros estão majoritariamente optando por ficar à margem do mercado de contratos futuros de Bitcoin (BTC) da B3 duas semanas após o lançamento do produto. Dados preliminares revelam que o volume movimentado na primeira semana de negociações ficou em torno de R$ 356 milhões por dia, com uma média de 10,5 mil operações.

A título de comparação, contratos futuros de dólar movimentam em média R$ 131 bilhões diariamente, com cerca de 2 milhões de operações.

Por enquanto, a baixa liquidez dos futuros de Bitcoin da B3 tem causado a elevação dos spreads, causando distorções de preço e aumentando os riscos operacionais  em um mercado por si só extremamente volátil. 

O spread é a diferença entre o valor de ordens compra e de venda de um ativo financeiro. Em mercados em que há maior liquidez, a diferença entre ordens de compra e venda tende a ser pequena. 

No caso dos derivativos de Bitcoin da B3, têm havido fortes discrepâncias, como relatou o empresário e operador de day trade, Mauro Botto, ao portal e-Investidor:

“Nos futuros de Bitcoin hoje, se eu quero comprar a R$ 10, quem tá vendendo pede R$ 30. Tem uma variação de preço em que não acontece nada. E, como essa diferença é muito grande, você pode pagar muito mais caro, ou vender barato, e alguém no meio do caminho pode fazer uma contra oferta e você perder dinheiro.”

A negociação de contratos futuros na B3 ocorre durante os horários regulares da bolsa brasileira, de segunda a sexta, das 9h às 18h30. No entanto, os mercados à vista e de derivativos criptonativos operam 24 horas por dia, sete dias por semana. A interrupção das negociações pode causar grandes divergências no preço do Bitcoin e dos contratos futuros em função do fechamento e da abertura dos pregões na B3. 

Em conjunto, o baixo volume negociado, a falta de liquidez e os gaps temporais ampliam o risco de liquidação em chamadas de margem, apontou Gabriel Fioravante, especialista de criptomoedas do Banco Inter. Como as corretoras liquidam posições em prejuízo a partir de 70%, ao mesmo tempo em que a volatilidade oferece boas oportunidades para ganhos, ela também amplifica o risco operacional dos traders de futuros de BTC da B3.

Apesar da baixa liquidez, a B3 diz que o mercado brasileiro recebeu bem os contratos futuros de Bitcoin, e que a média de 10 mil contratos negociados por dia equivale a 1.000 BTCs. 

“Como referência, a última edição do Relatório de Dados de Criptoativos da Receita Federal, publicado em junho de 2023, registrava uma média de negociação diária de 250 Bitcoins em todas as exchanges brasileiras”, destacou a B3.

A bolsa informou ainda que instituiu programas de incentivo para estimular a liquidez dos mercados de contratos futuros de Bitcoin. O valor mínimo de R$ 100 necessário para operar na bolsa brasileira e as oportunidades de ganhos que o produto oferece têm potencial para elevar o número de novos investidores no mercado de derivativos de criptomoedas, segundo nota da B3.

Embora o mercado de derivativos de Bitcoin da B3 esteja em seus estágios iniciais de desenvolvimento, investidores e especialistas ouvidos pela reportagem do e-Investidor acreditam que o sucesso do novo produto é apenas uma questão de tempo.

Os contratos futuros de Bitcoin foram listados na B3 na quarta-feira, 17 de abril. Na estreia do novo produto, 7,4 mil contratos foram negociados, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil na ocasião.

Como operar nos mercados futuros de Bitcoin da B3

Nos mercados futuros, o investidor se compromete a comprar ou vender um determinado ativo em uma data futura a um preço pré-determinado. Os contratos podem ser utilizados  tanto como um instrumento de proteção contra futuras oscilações de preço de um determinado ativo – uma moeda, uma ação, uma commodity ou a taxa de juros, por exemplo – quanto em estratégias de investimento especulativas.

Para negociar os futuros de Bitcoin na B3, os investidores de varejo precisarão depositar em uma corretora credenciada uma margem mínima de R$ 100 por contrato. Não há a necessidade de operar em dólares, como em exchanges de criptomoedas.

Os investidores que mantiverem posições nos contratos, ou seja, que não zerarem suas posições até o final do pregão, deverão depositar em suas contas o equivalente a 50% do valor do contrato. O chamado depósito de margem é um mecanismo usado para assegurar que ambas as pontas da operação cumpram com as suas obrigações pré-estabelecidas.

Outra característica do mercado futuro é o pagamento de ajustes diários, de acordo com a oscilação do preço do contrato durante o pregão. Isso significa que os contratos vão sofrer, todos os dias, ajustes em seu valor até o dia do seu vencimento.

O vencimento do contrato ocorre sempre na última sexta-feira do mês, o que permite que o investidor possa montar estratégias com prazos diferentes sobre o mesmo ativo.



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