E agora, Bitcoin? O halving acabou…. Analistas avaliam se o BTC vai subir para US$ 150 mil ou iniciar um novo bear market caindo 80%


O 4º halving do Bitcoin foi concluído no bloco 840.000. Uma curiosidade é que este bloco foi o que mais pagou taxas na história de desempenho da rede e agora é considerado o bloco mais caro já minerado. Foram cerca de 37 Bitcoins e mais a recompensa de 3.125 BTC, totalizando 40.7 BTC.

Próximo ao momento em que aconteceu o halving, o preço do Bitcoin se manteve estável e sem grandes emoções, atingindo a mínima nos US$ 62.953. Após o evento, o preço continuou trabalhando de forma lateral.

No entanto, segundo Ana de Mattos, analista técnica e trader parceira da Ripio, analisando o gráfico de 4H, é possível observar que há uma grande região de liquidez nos US$ 67.650 – sendo que essa região de liquidez coincide com 0.618 da retração de Fibo, ou seja, será um ponto de resistência de curto prazo.

Ela destaca que caso o preço do Bitcoin supere a resistência dos US$ 67.650 com bastante fluxo comprador, as próximas resistências estão nas extremidades do range que vem sendo respeitado desde 05/03, nas faixas de preços de US$ 70.700 e US$ 73.777.

“Se o preço do Bitcoin retomar o movimento de baixa, os suportes de curto e médio prazo estão nas regiões de liquidez dos US$ 59.700 e US$ 57.200”, disse.

Bitcoin pode cair

Preço do Bitcoin

Taiamã Demaman, líder de research da Coinext, destaca que o impacto imediato do halving nos preços é temporário. Como há uma redução na recompensa pela mineração, parte dos mineradores desligam suas máquinas por falta de rentabilidade e o hashrate tende a diminuir, o que geralmente leva a quedas momentâneas no preço do ativo. Isso ocorre porque os mineradores vendem seus Bitcoins para atualizar por equipamentos mais eficientes, ou cobrir custos.

“Desde 25 de outubro de 2023, quando o preço do Bitcoin ultrapassou os 30 mil dólares, a posição dos mineradores em Bitcoins caiu em mais de 30 mil unidades, por exemplo” afirma.

No entanto, segundo ele, indicadores como o Hash Ribbon, que compara médias móveis de 30 e 60 dias, podem sinalizar quando a pressão de venda dos mineradores começa a diminuir, indicando uma possível recuperação nos preços do Bitcoin em uma janela média de 53 dias após o halving.

“Observamos que o preço do Bitcoin geralmente traz maiores retornos 365 dias após o halving em comparação aos 365 dias anteriores ao halving. Ou seja, mesmo com uma subida já expressiva, o que costuma vir depois do halving tem impacto maior no preço do ativo”, afirma.

Demaman destaca que outro ponto importante a se compreender nesse momento é como esse mecanismo, de emissão previsível e decrescente, será capaz de influenciar no preço do ativo daqui pra frente. Visto que já foram emitidos mais de 19,6 dos 21 milhões de Bitcoins disponíveis e que o restante, cerca de 6,6% da oferta total, será emitido ao longo dos próximos 116 anos, o impacto de cada halving na oferta será cada vez mais reduzido.

“Uma vez que esse impacto da oferta é limitado e previsível, cabe ao investidor observar sobretudo forças de mercado que movimentam a demanda. Uma dessas forças é o próprio halving, que também tem um efeito psicológico e que, ciclo após ciclo, traz novos investidores ao mercado. Esse movimento, em boa parte, vinha sendo precificado nos últimos meses e não terá efeitos de curto prazo, a não ser nas dinâmicas da mineração”, disse.

Mais importante que o halving de forma isolada, ele destaca que para quem quer compreender o comportamento de preço do Bitcoin a partir de agora, é observar indicadores dos fluxos de liquidez para o ativo, o que inclui:

  • capitalização de stablecoins, visto que o aumento de acumulação dessas moedas precede aportes em Bitcoin;
  • dados macroeconômicos globais, sobretudo dos EUA, que podem auxiliar a prever taxas de juros e, consequentemente, a entrada de capital em mercados mais voláteis;
  • análise de sentimento dos investidores por meio dados de contratos futuros e alavancagem, por exemplo;
  • entrada de capitais via fundos, como os ETFs,  ou via corretoras globais (spot).

“Vale notar, em relação ao primeiro indicador, que quando falamos da capitalização de stablecoins, estamos atualmente em 50% do registrado no ciclo de 2021. Isso significa que uma injeção de meio bilhão no mercado por meio dessas moedas, nos levaria ao patamar de 2021. Nesse sentido, é possível compreender o impacto que uma nova fonte de liquidez, como os ETFs, podem ter sobre o preço do Bitcoin – o que de fato estamos percebendo”, apontou.

Segundo ele, soma-se a isso o número de Bitcoins disponíveis em corretoras globais, que começou o ano 43% menor que o início do bullmarket de 2017, ou seja, também há uma oferta de Bitcoins bem menor. E aqui não tem mágica, é oferta e demanda: os dados, quando cruzados, indicam ampla margem para valorização.

“No entanto, é importante que os investidores entendam que continua a ser um mercado altamente volátil, sobretudo em meio a incertezas globais pertinentes, tanto econômicas quanto geopolíticas. Acompanhar os indicadores das principais economias e a evolução dos conflitos regionais deve ser um exercício contínuo. Afinal, não temos clareza se, em caso de uma crise ampla, o Bitcoin acompanharia a queda dos mercados tradicionais ou se comportaria como um ativo antifrágil”, finaliza.

Futuro do Bitcoin

Além do halving, na última sexta (19), também aconteceu a integração de um novo protocolo chamado Runes, na rede do Bitcoin. A atualização pode trazer impactos positivos para a rede como um todo e pode influenciar positivamente o preço do ativo no médio prazo.

“Com isso, exploramos também aplicações na blockchain do BTC que antes eram feitas em outros projetos como Ethereum e Solana e, com isso, gerando taxas de transação mais altas, remuerando melhor os mineradores da rede.A atualização do Protocolo Runes é um passo significativo, oferecendo uma forma eficiente e escalável de emitir tokens na rede Bitcoin, aumentando sua utilidade e atraindo usuários em busca de segurança e funcionalidade otimizada”, disse Murilo Cortina, diretor comercial da QR Asset Management.

Segundo observações de Cauê Oliveira, head de análise on-chain do BlockTrends, durante o halving deste ano a rede registrou a maior taxa de transação da história do Bitcoin, e quase 75% da recompensa dos mineradores veio de taxa durante o halving.

Mas essa movimentação foi decorrente do protocolo Runes, que permite a criação de tokens fungíveis no Bitcoin, programado para iniciar no bloco 840000, que coincidentemente aconteceu junto com o halving deste ano. Cauê explica que a rede ficou movimentada por conta da novidade, porém ofereceu um vislumbre de como funcionará a rede do Bitcoin no futuro.

“Por conta da estreia de Runes, muitas pessoas queriam ser as primeiras a emitir alguns tokens, bem no meio do halving, o que elevou consideravelmente a taxa de transação, fazendo com que fosse responsável por cerca de 75% da remuneração dos mineradores no período. Isso nos dá uma ideia de como o Bitcoin funcionará quando a mineração não for mais possível ou muito custosa. A remuneração da rede se dará majoritariamente pelas taxas de transação, mantendo a sustentabilidade da rede para além da criação de novas moedas”, finalizou.

E agora, Bitcoin?

Para celebrar o futuro do BTC, pós-halving, o primeiro dos ETFs spot, o primeiro dos tokens BRC-20, do protocoo Ordinals e de muitas outras mudanças fundamentais, criamos um poeminha parodiando o famoso “E agora, José?”, clássico brasileiro de Carlos Drummond de Andrade, usado muitas vezes para expressar sentimentos de apreensão frente a um futuro de caminhos incertos.

E agora, Bitcoin?
O halving acabou,
a recompensa de mineração mingou,
a blockchain não parou,
a transação não barateou,
e agora, Bitcoin?

Runes chegando,
os mineiros em desatino,
os traders em alvoroço,
os investidores atônitos,
e agora, Bitcoin?

E agora, você?
você que é volátil,
que encanta, assusta,
você que é futuro,
que revoluciona, inspira?
e agora, Bitcoin?

Mas não temas, Bitcoin,
pois tua jornada segue,
teu potencial é vasto,
tua tecnologia imortal,
pois em ti depositamos
nossa fé e esperança,
e agora, Bitcoin?

E agora, você?
Seguimos contigo,
nesse mundo em transformação,
pois a revolução digital
não tem fim, nem nação
só descentralização.



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