Bitcoin enfrenta histórico negativo em maio e retomada da alta no curto prazo é incerta, afirmam analistas


Tradicionalmente, maio costuma ser um mês mais favorável para a venda do que para a compra de ativos financeiros. Vem daí a expressão “sell in May and go away” (venda em maio e vá embora, em tradução livre), muito popular entre os investidores norte-americanos. 

O mesmo tem se mostrado válido para o Bitcoin (BTC) as criptomoedas, como destacou o analista pseudônimo de dados on-chain, Crypto Koryo, em uma postagem publicada no X no começo deste mês:

“Historicamente, maio é um dos piores meses para o mercado de criptomoedas, tanto em mercados de alta quanto de baixa.”

De acordo com os dados agregados em um painel criado por Crypto Koryo que analisa o desempenho das criptomoedas em função de diferentes setores, maio é o segundo pior mês do ano, atrás apenas de setembro. Junho e agosto também costumam ser períodos de fraqueza.

Média de retornos mensais por setor desde 2017. Fonte: Crypto Koryo (Dune Analytics)

Um gráfico divulgado recentemente pela K33 Research, revela que que comprar Bitcoin em maio pode reverter em prejuízos aos investidores.

Os dados agregados pela empresa de pesquisa de criptomoedas mostram que nos últimos cinco anos, quem comprou BTC em outubro e vendeu em abril obteve retornos médios de 1.449%. Em contraste, quem comprou Bitcoin em maio e vendeu em setembro amargou prejuízos de cerca de 29%.

Embora o mercado seja imprevisível e desempenhos do passado não necessariamente se repetirão de forma idêntica no futuro, é válido estar ciente das tendências, diz o analista. 

Crypto Koryo espera que o segundo e o terceiro trimestres deste ano sejam períodos de consolidação para o Bitcoin e as principais altcoins do mercado. No entanto, ele faz uma ressalva de que sempre haverá boas oportunidades para os traders surfarem no fluxo de rotação das narrativas do mercado.

No momento, IA, Oráculos e DePin surgem como setores em ascensão, gerando retornos médios de 28%, 20% e 15% nos últimos sete dias, de acordo com os dados agregados pelo analista em um painel da Dune Analytics.

O token de melhor desempenho no período foi o TRB, token nativo do Tellor, um oráculo descentralizado que oferece suporte a diversas redes blockchain, incluindo Ethereum (ETH) e Polygon (MATIC). Nos últimos sete dias o par TRB/USD valorizou 121%, de acordo com dados da CoinGecko.

Performance do Bitcoin após o halving

Nem todos os analistas, no entanto, acreditam que a ausência de um impulso de alta na ação de preço do Bitcoin neste período do ano tende a ser negativa. Especialmente, porque a maior criptomoeda do mercado acaba de passar pelo halving.

“Quanto mais o Bitcoin se consolidar entre os níveis de preço atuais e US$ 70.000 após o halving, mais esse ciclo desacelerará, e será retomada a sincronia com seu ciclo regular e recorrente”, disse o analista pseudônimo Rekt Capital em uma postagem no X. Ele acredita que o pico do atual ciclo de alta deve ocorrer por volta de  setembro e outubro do ano que vem.

Desafiando aqueles que pensam que o atual ciclo de alta das criptomoedas já atingiu o topo com a máxima histórica de US$ 73.750 registrada pelo Bitcoin em 14 de março, o trader pseudônimo Stockmoney Lizards apontou uma série de indicadores que contradizem os pessimistas em uma thread publicada no X.

Prevendo que o Bitcoin ainda poderá voltar à zona dos US$ 50.000, o trader demonstrou que o Bitcoin está preso em um canal descendente no gráfico diário que tem US$ 55.000 como suporte e US$ 68.000 como resistência. 

Fonte: Stockmoney Lizards (X)

Enquanto não houver um rompimento em nenhuma das direções, a tendência é que a lateralização se mantenha. Inclusive porque o halving ocorreu há menos de um mês, explicou:

“Normalmente, leva algumas semanas/meses [após o halving] até que a segunda fase do mercado de alta comece.”

Segundo o trader, o caminho mais provável é descendente, devido às incertezas no cenário geopolítico e os temores de uma recessão associada à inflação persistente nos Estados Unidos. O arrefecimento nos influxos positivos nos ETFs de Bitcoin dos EUA também pesa contra o Bitcoin neste momento. No entanto, para ele, a correção recente e a lateralização devem ser entendidas como um ajuste saudável do mercado após uma alta de mais de 300% desde as mínimas de novembro de 2022.

O último indicador que confirma que estamos em pleno mercado de alta é a média móvel simples de 1 ano, que atualmente está em torno de US$ 41.000. Apenas uma queda decisiva abaixo deste nível decretaria um novo inverno cripto, acredita o trader.

Dados on-chain projetam retomada da alta em até seis meses

Os dados on-chain também confirmam o esfriamento momentâneo do mercado. Igualmente, apontam para a retomada da tendência de alta após um período de consolidação que poderá consumir ainda semanas ou mesmo meses. 

Em uma série de postagens publicada no X, o especialista em análise de dados on-chain Checkmate afirmou que o ciclo atual não é diferente dos anteriores:

“A música cantada durante os dois últimos ciclos pinta cerca de 6 meses de consolidação à nossa frente, seguidos por 6 a 12 meses de avanço parabólico.”

Checkmate comenta que a queda de 15% registrada em abril, que resultou na perda de mais de US$ 8.000 na cotação do par BTC/USD, está dentro do padrão histórico de ciclos de alta anteriores. Em comparação com correções anteriores, chega até mesmo a ser modesta.

Variação mensal do preço do Bitcoin. Fonte: Checkmate (X)

Reforçando a visão de outros analistas, Checkmate conclui que as correções são saudáveis e necessárias, e que não é hora de se desfazer do Bitcoin para não perder o topo do ciclo do atual mercado de alta.

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, os ​ indicadores de tendência de longo prazo do preço do Bitcoin — as médias móveis de 200 dias e 200 semanas — estão nos níveis mais altos de todos os tempos, sinalizando que a maior criptomoeda do mercado está mais forte do que nunca.





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