A Azul (AZUL4) esclareceu a notícia de que a empresa teria contratado bancos para comprar até 100% da Gol (GOLL4).
Segundo o comunicado, a aérea está atenta às dinâmicas estratégicas do setor aéreo e a possíveis oportunidades de parcerias, podendo como prática regular contratar consultores para apoiar a empresa nesses esforços.
“Até o momento, a Azul não negociou nem aprovou nenhuma transação específica”, completa.
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Analistas veem sinergias, mas será difícil
Para o Bradesco BBI, em comentário enviado a clientes, uma fusão entre as duas empresas poderia criar sinergias de receitas e custos, beneficiando as partes interessadas de ambas as empresas.
Já Rodrigo Bezerra, analista da Vetor Research, afirma que o mercado ainda tem poucas informações sobre essa possível oferta, como ela se daria e qual seria sua magnitude.
“A Gol atualmente se encontra em uma situação delicada consoante o acionamento do Chapter 11, a Azul estaria assumindo um passivo considerável, lembrando que recentemente esta última precisou reestruturar sua dívida para desalavancar seu passivo”, discorre.
Para ele, essa oferta terá que ser muito bem trabalhada e pensada, pois envolve circunstâncias que se assemelham a um special situation (situações especiais), em razão do Chapter 11.
A Ativa vai pelo mesmo caminho ao afirma que apesar de possível um acordo, é algo mais difícil. O avanço é possível, pois:
- O Processo de Chapter 11 de Gol segue em evolução e até o seu término, é possível que os stakeholders da companhia julguem necessário que a empresa adote novos rumos, como novos acionistas.
- Gol e Azul compartilham de uma série de credores e, no limite, se Azul convencer grande parte destes, ficaria mais próxima de seu objetivo.
No entanto, a formalização de um eventual acordo seria complexo, pois:
- Apesar de Azul voar em mais de 70% das suas rotas sem sobreposição de rotas com a Gol, ambas partilham de fortíssimo pricing power e, num setor que atualmente conta com apenas três grandes empresas, convencer o Cade a aprovar uma operação que une duas destas, sem nenhum tipo de remédio, não seria simples.
- Apesar de ter apertado a mão dos credores, Azul segue com uma situação financeira delicada e seguirá envolvida nos esforços para equalização da sua dívida com lessores, como através da emissão de ações, durante os próximos anos.
“Desta forma, acreditamos que pelo perfil creditício da empresa (e do setor), dificilmente a empresa teria acesso à dívida para fomentar uma operação desta magnitude. Lhe sobraria assim a possibilidade de avançar rumo a uma proposta por emissão de ações, que iria necessitar da anuência de uma série de minoritários que seriam diluídos e necessitariam passar a acreditar que dispor de uma menor parte de uma empresa maior seria vantajoso”, completa.