74% das empresas no Brasil já utilizam inteligência artificial, aponta estudo


Uma pesquisa recente divulgada pela Microsoft e pela Edeman Comunicação revelou que 74% das micro, pequenas e médias empresas do Brasil usam inteligência artificial (IA), tecnologia cuja adoção representa um desafio para 20% delas. 

“Quando uma tecnologia evolui, também surgem novas formas de ameaças cibernéticas e atuar na mitigação desses riscos precisa fazer parte das estratégias e investimentos das empresas”, disse a vice-presidente da Microsoft no Brasil, Andrea Cerqueira.

De acordo com o estudo, 46% investiu em IA no período anterior e pretende continuar aportando em IA, que representa uma fatia média de 29% dos investimentos dessas empresas na área de tecnologia, percentual que chega a 33% nas empresas de médio porte.

A sondagem mostrou que os investimentos em IA das empresas saltaram de 27% para 47% de 2022 para 2023, quando as empresas foram questionadas sobre “quais tecnologias sua empresa investiu em 2023”. Nesse caso, a IA assumiu a segunda colocação, perdendo apenas para o armazenamento em nuvem, que subiu de 45% para 56%.

Em relação ao interesse e preparação para utilização de IA, o estudo revelou que 90% das empresas estão buscando adotar IA atualmente, proporção que é menor entre as microempresas (70%) e mais alta entre as nativas digitais (98%). Além disso, 65% afirmam estarem preparadas para o uso de IA, proporção que aumenta conforme o porte da empresa e é maior entre as nativas digitais.

Quanto ao avanço de adoção da tecnologia, 59% das empresas progrediram muito ou bastante na adoção de IA, proporção que é maior conforme aumenta o porte da empresa e entre as nativas digitais. Empresas do ramo de tecnologia e telecomunicações também se destacam neste indicador com 85% respondendo bastante ou muita progressão na adoção de IA. Dentre as empresas que progrediram pelo menos um pouco na adoção de IA, 60% relatam levar entre 1 e 6 meses para implementar e adaptar-se às IAs.

No cruzamento entre a prioridade de uso de IA com o porte das empresas sondaas, o levantamento mostrou que: para 47% a aquisição/adoção de tecnologias é uma prioridade quando se trata de IA, seguida pelo desenvolvimento de soluções próprias e a otimização de dados para inteligência comercial. A proporção de microempresas que priorizam a produtividade e eficiência é significativamente maior que o observado em outros portes.

No quesito casos de uso, as empresas brasileiras usam IA principalmente em forma de assistentes virtuais de atendimento ou para economia de tempo de trabalho. O uso para tradução de documentos é mais comum conforme aumenta o porte da empresa. Nativas digitais em geral fazem mais usos de IA, enquanto as não nativas apresentam maior proporção de não utilização ou de uso para pesquisas na Internet.

Na abordagem sobre “impactos da IA na produtividade, 94% das empresas classificaram como positivo, 91% responderam que contribui para a qualidade do trabalho, 90% elencaram a satisfação do cliente, 88% relacionaram a tecnologia com a motivação e engajamento dos funcionários e 48% de aumento na produtividade.

Em relação a habilidade em IA e recursos humanos, a pesquisa revelou que a maioria das empresas considera que o nível de talento de seu quadro de funcionários em IA é alto. A principal estratégia adotada para garantir a presença desta habilidade na empresa é contratar funcionários capacitados no tema (principalmente nas nativas digitais). Entre as microempresas, quase a metade já contrata pensando nas funcionalidades da IA e, ainda, priorizam treinar os funcionários existentes.

Quanto ao treinamento com uso de IA, 66% já realizaram algum treinamento sobre IA para seus funcionários, sendo que 59% o fazem de forma constante, proporção que é maior entre as nativas digitais (64%). Também é notável que 1/3 das microempresas ainda não realizou qualquer treinamento sobre IA para seus funcionários.

Identificação de animais nas estradas

Uma das possíveis utilização de IA é o monitoramento de animais nas rodovias. Nesse caso, um grupo de pesquisadores treinou um modelo de visão computacional para identificar em tempo real os mamíferos da fauna brasileira que são mais atropelados nas estradadas do país, conforme noticiou uma reportagem de André Julião, da Agência Fapesp.

Os pesquisadores, que buscam uma concessionária para testar a aplicação em situação real, trabalhou como um banco de 1.823 fotos, livres de direitos autorais, baixadas da internet. Quando necessário, as imagens foram editadas para retirar “ruídos”, que poderiam atrapalhar a identificação das espécies, ou para fornecer uma diversidade de ângulos que ajudasse na identificação.

Montagem de Gabriel Souto sobre foto de Miguel Rangel Jr/Creative Comons – Divulgação Agência Fapesp

“Essas espécies foram escolhidas conforme métricas do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas [CBEE, da Universidade Federal de Lavras]. Segundo as estimativas do centro, cerca de 475 milhões de animais são atropelados por ano nas estradas do país. Criamos, então, um banco de dados de espécies brasileiras e treinamos os modelos de visão computacional para detectá-las”, explicou Gabriel Souto Ferrante, que realizou o trabalho como parte do mestrado no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (ICMC-USP), em São Carlos.

Segundo Rodolfo Ipolito Meneguette, professor do ICMC-USP que orientou o mestrado de Ferrante e também assina o estudo, grupos de outros países já trabalham há algum tempo na detecção da fauna silvestre com o uso de inteligência artificial. Porém, os modelos criados no exterior não dão conta da nossa fauna.

Além disso, poucos deles se preocupam com a identificação de animais nas estradas, uma aplicação que exige detecção rápida, num ambiente muitas vezes com condições de visibilidade pouco favoráveis.

“No choque com um animal de grande porte, o risco também é muito grande para o condutor, que muitas vezes não tem tempo de resposta rápido o suficiente para evitar a colisão. Nesse sentido, um sistema que use as próprias câmeras da rodovia, embarcado num computador portátil, tem um aspecto inovador”, concluiu o pesquisador.

O trabalho integra os projetos “Serviços para um sistema de transporte inteligente” e “Gerenciamento de recursos dinâmicos para aplicativos de sistema de transporte inteligente”, ambos apoiados pela FAPESP.

A IA Também avança do país com MBA na USP e outras iniciativas de fiscalização de rodovias, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.



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