Lula diz ainda acreditar que acordo UE-Mercosul será assinado, mesmo sem apoio da França Por Reuters


© Reuters. Lula e Sánchez se cumprimentam no Palácio do Planalto
06/03/2024
REUTERS/Ueslei Marcelino

(Reuters) -O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que ainda acredita que o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia será assinado, mesmo reconhecendo a crescente oposição da França devido à pressão de seus agricultores.

Em coletiva de imprensa ao lado do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, no Palácio do Planalto, Lula afirmou que ambos os blocos precisam do acordo e indicou que não é necessário o apoio francês para sua conclusão.

“Nós ainda vamos assinar esse acordo para o bem do Mercosul e para o bem da União Europeia”, disse Lula.

“A União Europeia precisa desse acordo, e o Mercosul precisa desse acordo. Não é mais uma questão de querer ou não querer, de gostar ou não gostar. Nós chegamos a uma situacao que nós precisamos politicamente, economicamente e geograficamente fazer esse acordo”.

Ao lado de Lula, o espanhol Sánchez repetiu o otimismo do brasileiro e disse esperar que o acordo seja concluído em breve.

A União Europeia e o Mercosul — formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai — estão em negociações há anos sobre o acordo, com a UE pressionando nas negociações recentes por garantias mais fortes sobre mudanças climáticas e desmatamento.

No mês passado, o vice-presidente executivo da Comissão Europeia, Maros Sefcovic, disse que as condições que permitiriam à União Europeia concluir um acordo comercial com o Mercosul não foram atendidas, mas ressaltou que as negociações continuavam.

O planejado acordo de livre comércio passou por uma análise minuciosa pela UE, em meio a protestos de agricultores que dizem estar sendo prejudicados por importações baratas de países que não respeitam os altos padrões ambientais da Europa.

“A avaliação da Comissão é que as condições para a conclusão do acordo com o Mercosul não foram atendidas”, disse Sefcovic ao Parlamento Europeu na ocasião.

Duas semanas depois, o ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Rubén Ramírez, disse que as negociações entre o Mercosul e a União Europeia sobre o acordo seriam suspensas até as eleições parlamentares europeias, que ocorrem em junho.

Ramírez havia se reunido com o alto representante da UE para Assuntos Externos e Política de Segurança, Josep Borrell, à margem de uma reunião do G20 no Brasil. O Paraguai ocupa a presidência rotativa do Mercosul.

(Reportagem de Eduardo Simões e Fernando Cardoso, em São PauloEdição de Alexandre Caverni e Pedro Fonseca)



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