O Bradesco BBI passou a ver os papéis do Banco Pan (BPAN4) com mais otimismo e elevou a recomendação de neutra para compra, com preço-alvo de R$ 11,90 até o final de 2024, mostra relatório assinado por Gustavo Schroden e Renato Chanes e publicado na última sexta-feira (19).
Segundo os analistas, as recentes mudanças em sua estratégia estão começando a dar frutos e o banco deverá apresentar maior crescimento do lucro líquido já no primeiro trimestre de 2024.
“Após 10 trimestres consecutivos de lucro líquido relativamente estável, em torno de R$ 190 milhões/trimestre, esperamos que esta medida acelere significativamente para R$ 424 milhões no quarto trimestre de 2025”, preveem.
Entre os pontos que a dupla cita para justificar o crescimento, estão:
- crescimento de empréstimos, impulsionado por empréstimos para automóveis;
- taxas de juros para empréstimos de automóveis entre 43% e 44%, significativamente acima da média do sistema bancário de 26%;
- redução do custo de captação, devido a uma taxa Selic mais baixa e ao apoio à pontuação de crédito do BTG Pactual (BPAC11), ajudando a manter os spreads saudáveis;
Assim, o preço-alvo para o ano de 2024 de R$ 11,90/ação implica um múltiplo P/L (preço sobre lucro) para 2025 de 11,5x e 1,6xo múltiplo P/PVA (preço da ação dividido pelo valor patrimonial), refletindo um crescimento de lucro superior e ROE (retorno sobre o patrimônio) crescente.
Banco Pan: Melhora de qualidade já começou
Segundo o BBI, o banco reduziu o risco de sua carteira de crédito, concentrando-se em financiamento de veículos e crédito consignado, em vez de cartões de crédito. Para a corretora, já é possível observar uma melhora relevante na qualidade de seus ativos.
E para sustentar a afirmação, o BBI lembra que o índice de empréstimos inadimplentes de 90 dias do banco melhorou para 7,3% no quarto trimestre, a partir do pico recente de 8% no segundo trimestre de 2023.
“Observamos também que a carteira de empréstimos de cartão de crédito contraiu 43% em 2023, enquanto o crédito para automóveis expandiu 31,7% em 2023, representando 53,1% do total de empréstimos, acima dos 43,3% em 2022 e 43,1% em 2021”, discorre.
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Enquanto isso, a participação dos cartões de crédito na carteira de empréstimos do banco diminuiu para 4,9% em 2023, antes em 9,3% em 2022 e 10,5% em 2021.
“É importante ressaltar que, à medida que o banco avança em direção a mais empréstimos para automóveis e consignados, esperamos que a qualidade dos ativos esteja mais sob controle do que nos anos anteriores”, completa.
Os analistas argumentam ainda que os cartões de crédito têm índices de inadimplência muito mais elevados, de quase 53% (rotativo) e 10% (parcelamento de juros), enquanto o índice de inadimplência do crédito para automóveis do sistema permaneceu estável em 5% durante os últimos dois anos, e os empréstimos consignados permanecem em apenas 2%.
Ação subiu, mas ainda vale a compra, diz Bradesco
Mesmo sem a melhora dos resultados, o Bradesco recorda que ação do Banco Pan já performa bem, com valorização de 15% nos últimos 90 dias e 6% no acumulado do ano, enquanto o Ibovespa desvalorizou 4% e 7%, respectivamente.
Dessa forma, os analistas afirmam que o primeiro trimestre ainda pode ser um gatilho para uma nova reavaliação dos múltiplos, “já que esperamos que o banco finalmente reporte crescimento do lucro líquido no 1T24 (5,6%)”.
“Além disso, como o banco deverá registar um crescimento do lucro líquido acima da média nos próximos anos e o seu ROE deverá subir para 16% a 17% em dois a três anos, vemos possibilidades relevantes de agora em diante”, discorrem.