CVM do Brasil vai se reunir com empresas americanas para debater mercado de tokens RWA


A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) anunciou, em publicação no Diário Oficial da União, que o diretor da autarquia, Daniel Walter Maeda Bernardo, estará nos EUA em abril para, entre outros, se reunir com participantes de mercado americanos do segmento financeiro e de criptoativos/tokenização, conhecido também como tokens RWA.

O encontro acontece no momento em que a CVM anuncio duas novas medidas para impulsionar o mercado de tokens RWA no Brasil. As novas autorizações envolvem a Vórtx QR Tokenizadora e as demais empresas participando do sandbox regulatório de tokenização.

No caso da Vórtx QR, a empresa se tornou o primeiro mercado de balcão organizado a ter autorização para tokenizar ativos financeiros considerados mobiliários e não mobiliários. Além disso, a CVM prorrogou as dispensas regulatórias da estar finance e das outras participantes do Sandbox Regulatório até 2026.

A CVM, que já vem há 2 anos incentivando o mercado de tokens RWA e acredita no potencial destes ativos com o lançamento do Drex, não divulgou mais detalhes da reunião do diretor com os empresários americanos que vem ‘descobrindo’ o potencial do mercado de tokenização. 

No entanto, segundo apurou o Cointelegraph, a reunião deve abordar como a CVM ‘regula’ atualmente o mercado de tokens RWA, as propostas para ampliar o escopo regulatório do setor, a possibilidade de tokens RWA de ativos ‘fora do Brasil’ e a interligação do mercado de tokenização com o Drex, no qual há sinergia entre a CVM e o Banco Central.

Em 2023, as tokenizadoras Liqi, AmFi, MB Tokens e QR Vórtx tokenizaram R$ 542 milhões em ativos do mundo real. No caso dos EUA, após o anúncio da entrada da BlackRock no mercado de tokens RWA, mais de US$ 1 bilhão de títulos do Tesouro americano foram tokenizados em blockchains como Ethereum, Polygon, Solana e outras.

Conforme os dados do painel Dune Analytics da 21Shares, o BUIDL (token RWA da BlackRock) está agora atrás apenas do Franklin OnChain US Government Money Fund (FOBXX) de Franklin Templeton, de 11 meses de existência, que detém US$ 360,2 milhões em títulos do Tesouro dos EUA. O painel revela ainda que US$ 1,08 bilhão em títulos do Tesouro dos EUA foram tokenizados em 17 produtos.

A Ondo Finance, uma empresa de tokenização de ativos do mundo real, depositou recentemente US$ 95 milhões no fundo BUIDL da BlackRock para facilitar liquidações instantâneas para seu próprio token apoiado pelo Tesouro dos EUA, OUSG, estabelecendo uma participação de 38% na BUIDL.

Mercado de US$ 1 trilhão

De acordo com Tiago Piassum, founder da Rivool Finance, o segmento tem emergido rapidamente e deve assumir um protagonismo impensável há alguns anos.

“Estima-se que o mercado de ativos tokenizados alcance a marca de US$ 10 trilhões até 2030, oferecendo um potencial de crescimento significativo em relação aos valores atuais. Isso não só democratiza o acesso aos investimentos, mas também transforma a maneira como os ativos são gerenciados e transacionados”, afirma.

Fonte: Roland Berger

Para Piassum, além de mudar a forma como os ativos são negociados, a tokenização está revolucionando o mercado de crédito.

“Desde a tokenização de títulos tradicionais até a criação de plataformas peer-to-peer, as aplicações são vastas e prometem tornar o crédito mais acessível e transparente. O futuro financeiro está sendo moldado diante de nossos olhos, e a tokenização é a chave para desbloquear seu potencial, pois além de tudo, os custos são reduzidos, devido a eliminação de taxas atribuídas a intermediários”, explica o empresário.



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