Analistas apontam 5 projetos ainda sem tokens lançados com grande potencial de valorização no atual ciclo de alta das criptomoedas

No dinâmico e volátil mercado de criptomoedas, os investidores estão sempre em busca de oportunidades assimétricas com tokens que podem proporcionar retornos exponenciais a partir de aportes relativamente baixos. 

Historicamente, observa-se que os tokens com maiores ganhos em ciclos de alta provêm de projetos emergentes. Muitos dos quais nem sequer estavam plenamente funcionais ou haviam lançado tokens nativos no início desses ciclos

Trata-se de uma tendência em grande parte impulsionada pela natureza especulativa do mercado cripto, onde a volatilidade e a dinâmica de preço são fortemente influenciadas por narrativas emergentes e pelo entusiasmo em torno de novas tecnologias e inovações.

Neste contexto, projetos que ainda não têm tokens lançados podem oferecer oportunidades únicas aos investidores. O Cointelegraph Brasil reuniu opiniões de analistas brasileiros sobre os projetos mais promissores do atual ciclo de alta das criptomoedas, cujos tokens ainda não foram lançados.

Projetos vinculados à narrativa de IA (inteligência artificial) estão entre os principais destaques, ao passo que a única unanimidade parece ser a Eigen Layer, um protocolo baseado na Ethereum (ETH) que inaugura um novo nicho de mercado: o restaking

Por fim, um projeto que explora recursos de segurança da Ethereum, de eficiência da Solana (SOL) e de disponibilidade de dados da Celestia (TIA) se apresenta como um forte concorrente no disputado mercado de soluções de camada 2 da rede líder de contratos inteligentes.

Eigen Layer

Após o sucesso dos derivativos de staking líquido (LSDs), especialmente da Lido Finance (LDO), um novo primitivo de finanças descentralizadas vem sendo gestado em torno do ecossistema da Ethereum. Trata-se dos protocolos de restaking, cujo projeto pioneiro é a Eigen Layer.

Os LSDs permitem que os investidores obtenham rendimento sobre criptomoedas cujo modelo de consenso se baseia em prova de participação sem a necessidade de abrir mão da liquidez sobre as suas participações. 

De forma simples, a proposta de valor da Eigen Layer se baseia no acréscimo de uma fonte adicional de recompensas para os investidores ao utilizar o capital agregado nos LSDs para garantir a segurança de oráculos, sequenciadores descentralizados e de projetos que queiram lançar as suas próprias redes.

Felipe Sant’Ana, da Paradigma Education, acredita que o airdrop da Eigen Layer possa ser o mais impactante do atual mercado de alta. O analista independente Orlando Telles estima que US$ 1 bilhão de dólares em tokens poderão ser distribuídos aos usuários do protocolo. 

Algumas métricas e números justificam tamanha expectativa. Desde que os depósitos foram abertos em junho do ano passado, o valor total bloqueado na Eigen Layer atingiu a impressionante marca de 11,8 bilhões, o que faz dela o segundo maior protocolo da Ethereum em termos de TVL, de acordo com dados do Defi Llama. Hoje, está atrás somente da Lido, à frente de gigantes das finanças descentralizadas (DeFi) como a exchange descentralizada Uniswap (UNI) e o protocolo de empréstimos Aave (AAVE) e Maker (MKR).

  • Ethereum está prestes a ser destruído por tokens de staking líquido

Felipe Medeiros, analista do Boteco Cripto, destaca o capital levantado pela Eigen Layer em três rodadas de financiamento que contaram com a participação de fundos de capital de risco eminentes como Coinbase Ventures, Polychain Capital e a16z. Este último anunciou recentemente um investimento de US$ 100 milhões de dólares na Eigen Layer, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil na ocasião.

Embora o lançamento do token da Eigen Layer não tenha sido oficialmente anunciado, o sistema de distribuição de pontos aos usuários que depositaram fundos na plataforma e o capital levantado são fortes indícios de que um airdrop deverá ocorrer em breve.

A força da narrativa de restaking tem se refletido nos setores de staking líquido e de restaking líquido, como destacou Telles. O recém lançado token da Ether.Fi, um dos principais protocolos de restaking líquido, acumula uma alta de 64% nos últimos sete dias, de acordo com dados do CoinMarketCap. O token da Pendle, um marketplace em que os pontos da Eigen Layer e de outros protocolos vinculados ao setor de restaking podem ser negociados, entre outras operações, valorizou 50% no mesmo período, de acordo com dados do CoinMarketCap. 

O analista destacou ainda que existem outros projetos de restaking líquido, como Swell e Renzo Finance, cujos tokens ainda não foram lançados, que deverão fazer airdrops em breve e poderão se beneficiar do hype da Eigen Layer.

Eclipse

A Eclipse apresenta-se como a solução de camada 2 da Ethereum mais rápida e eficiente. Para isso, a Eclipse adota a Solana Virtual Machine para ganhar em performance e escalabilidade, sem abrir mão da segurança da Ethereum.

Para Igor Costa, analista da Mercurius Crypto, trata-se da única solução de camada 2 que apresenta soluções diferentes para os gargalos das concorrentes. Por isso, seria a principal aposta do setor para este ciclo.

Em 18 de março, a Eclipse anunciou uma rodada de financiamento de série A de US$ 50 milhões liderada pelos fundos de capital de risco Hack VC e Placeholder, que contou também com a participação de OKX Ventures, Delphi Ventures e Polychain, entre outros. Assim, embora ainda não haja o anúncio oficial do lançamento de um token nativo, é muito provável que isso ocorra quando a rede principal da Eclipse for lançada.

Monad

No terreno das redes de camada 1 alternativas, uma narrativa que tem mostrado força no começo do atual ciclo de alta, a Monad tem despertado a atenção tanto de Medeiros quanto de Gabriel Bearlz, analista da Mercurius Crypto.

“A Monad é uma blockchain paralelizada que utiliza a EVM (Ethereum Virtual Machine) e desperta grande interesse institucional por ter o potencial de aproveitar o efeito de rede da EVM e processar as transações de forma paralela como solana”, explica Medeiros.

Ele acrescenta ainda que a rede de testes da Monad tem demonstrado a capacidade de processar 10.000 transações por segundo (TPS). A título de comparação, a Solana tem atualmente a capacidade de processar 941 TPS e a Ethereum, 17,3 TPS, de acordo com dados da Chainspect.

Bearlz chama atenção para o fato de que a Monad poderia atrair desenvolvedores que hoje se dedicam ao ecossistema da Ethereum:

“Hoje, mais de 90% de todos os desenvolvedores em cripto sabem desenvolver a linguagem de programação da Ethereum. Então, imagine conseguir atrair esses desenvolvedores para uma blockchain muito mais rápida.”

O analista da Mercurius Crypto também chama atenção para a avaliação de mercado de US$ 3 bilhões de dólares alcançada pela Monad após a captação de US$ 200 milhões em uma rodada de financiamento recente.

Ritual

O Ritual é a principal aposta de Felipe Sant’Ana, da Paradigma Education, para o setor de criptomoedas relacionadas à IA:

“[O Ritual] é um projeto que está na confluência das narrativas mais quentes do momento. É uma rede descentralizada para inferência e treinamento de modelos de inteligência artificial. É tipo uma OpenAI do povo. O que eu vou falar pode soar um absurdo, mas talvez uma OpenAI descentralizada pode valer até mais que uma OpenAI centralizada em um futuro não muito distante.”

De acordo com o site oficial do Ritual, a inteligência artificial tem potencial para causar um impacto positivo sobre o desenvolvimento da humanidade. No entanto, hoje, segundo a empresa, a tecnologia dominada por grandes empresas é permissionada, baseia-se em APIs centralizadas e padece de falta de privacidade e integridade computacional, e não é resistente à censura.

A missão do Ritual seria criar uma rede aberta de infraestrutura de IA para lidar com a segurança, o financiamento, o alinhamento e a evolução do seu modelo.

O Ritual ainda não tem um produto disponível para os usuários finais nem anunciou planos de lançar um token nativo. Mesmo assim, Sant’Ana acredita que um eventual token do Ritual deverá ser lançado em um futuro não muito distante, pois, segundo ele, “o mercado está eufórico e receptivo [à narrativa de IA] agora.”

O Ritual levantou US$ 25 milhões em uma rodada de financiamento de série A e tem o capitalista de risco e ex-chefe de tecnologia da Coinbase, Balaji Srinivasan, entre os seus investidores.

Aethir

O último projeto da lista é o Aethir, que segundo Gabriel Bearlz, da Mercurius Crypto, também se beneficia do fato de unir as três principais narrativas do atual ciclo de alta em um único projeto: DePin (infraestruturas descentralizadas), IA e jogos.

Basicamente, explica Bearlz, o Aethir “oferecem GPUs descentralizadas para processar demandas de IA para jogos em blockchain.”

Bearlz acredita que o projeto tem potencial para se destacar entre os demais concorrentes do setor de IA devido ao foco no nicho específico de games. Além disso, o analista ressaltou que a Aethir conta com o financiamento do Framework Ventures, um fundo de capital de risco focado nos principais projetos de jogos da Web 3.

A rodada de financiamento semente da Aethir contou ainda com a participação da Animoca Brands. Em 20 de março, a Aethir abriu uma venda pública de nós descentralizados de IA e em dois dias arrecadou 26.000 ETH (aproximadamente US$ 88,4 milhões na cotação de hoje).

Envolvimento com a comunidade é fundamental para acompanhar a evolução dos projetos

Os analistas ressaltam que justamente por se tratarem de projetos novos, que muitas vezes propõem inovações ainda não testadas pelos usuários e pelo mercado, eles apresentam riscos significativos para os investidores. Além disso, não é totalmente garantido que todos eles lancem tokens nativos, embora a probabilidade de que isso ocorra seja grande.

A melhor forma de se manter atualizado sobre o desenvolvimento de cada projeto é acompanhando as contas oficiais deles no X (antigo Twitter) e participando ativamente de suas comunidades no Discord. Esses canais não apenas trazem atualizações diretas dos desenvolvedores, mas também criam um espaço para se aprofundar sobre os detalhes de cada projeto, dialogando com entusiastas e especialistas de suas respectivas comunidades.





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